Minha vida mudou muito nesses últimos tempos, e onde eu digo que mudou muito, leia-se: COMPLETAMENTE.
Em menos de um ano vi meu casamento de quase 12 anos se desfazer, passei por um processo de divórcio desgastante e doloroso, voltei a morar na casa de minha mãe e tenho a responsabilidade da criação dos meus filhos pesando somente sobre os meus ombros.
Houve momentos de desespero, de pânico, de descrença e acima de tudo de anciedade. Uma anciedade imensa... eu não via a hora da tempestade passar e as coisas começarem a melhorar. Eu só percebi depois de muito tempo que a tempestade na verdade já era uma chuvinha fina... só eu ainda não havia me dado conta disso. Agora era a hora da calmaria, aquela calmaria que eu tanto anciava.
Mas quando as coisas vão começar a melhorar??? Essa ainda era a pergunta que contianuava martelando em minha cabeça.
Mesmo estando de volta a casa onde cresci, eu ainda me sinto como uma estranha no ninho. O lugar é o mesmo, mas eu já não sou a mesma menina. Tenho tentado me adaptar a idade e a responsabilidade que eu tenho hoje, mais ainda me pego algumas vezes meio sem chão em algumas situações.
Tenho tido dias difíceis... dias de querer a minha "vidinha meia boca" de volta e isso faz com que eu me sinta muito mal, com raiva de mim, por querer de volta coisas que não me foram tão boas como eu achava que eram.
Ontem foi o pior de meus dias e talvez por ironia, posso dizer que também aconteceu uma das melhores coisas que poderia me acontecer: Cheguei ao fundo do poço.
Percebi isso quando me vi sozinha em meu quarto, chorando como uma louca a falta de alguém a quem eu não suportava mais ao meu lado. Mas me deixei levar... e chorei tudo o que eu tinha pra chorar. Nem sei dizer quanto tempo isso durou, só sei que quando parei de chorar estava com os olhos inchados, tremendo de frio, com uma dor insuportável no peito e com a triste conclusão de que aquele choro só me serviu pra ver o quanto eu sou egoísta.
Egoísta a ponto de querer de volta uma situação que já não me fazia bem, só porque um dia ela foi minha.
Quando me dei conta disso me senti mais leve e tomei coragem de dobrar meus joelhos e pedir pela primeira vez a Deus que me ajudasse. A primeira vez em tanto tempo... Por que não fiz isso antes? Porque meu pedido não seria verdadeiro e eu tinha medo que ele me atendesse.
Pedi a Deus para me ajudar a entender e a aceitar o que aconteceu; pedi para que ele acalmasse o meu coração; pedi forças para continuar em frente; pedi paciência para saber esperar o tempo de cada coisa; pedi para que não haja arrependimentos nem para mim e nem para outras pessoas; pedi para que ninguém, em momento algum sofra as consequências de seus atos; pedi felicidade para aqueles que tiveram coragem de tentar uma nova vida; pedi bençãos as vidas que estão por vir. Pedi tudo isso com a força de quem pede pela vida de quem mais ama.
Não vou ser hipócrita e dizer que ainda não me doe, que o fato de ter percebido o meu egoísmo já foi o suficiente para deixar de sofrer. Ainda doe, ainda sofro... Mas decidi que não quero mais sofrer. E vou me ajoelhar hoje novamente, e amanhã, e depois, depois, e depois... até que Deus atenda a minhas orações. Porque agora o meu desejo é verdadeiro. O desejo de uma nova vida... sem qualquer mágoa com o passado.
"Às vezes você tem que esquecer o que você quer,
para começar a entender o que você merece."
